quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quem sou eu?

Por: Raissa

Imagino-me numa floresta de palavras correndo de um velhinho, cujo nome é Clichê. Ele é milenar, e tomou conta do universo dos textos, livros, músicas e artes visuais. Tudo hoje é um clichê. O pesadelo do clichê extravasa a imaginação, cai na realidade. Corro mais que as pernas me permitem, e mesmo assim me tropeço e o velhinho me prende dentro da casa clichezenta dele. Presa lá, só escrevo releituras personalizadas de tudo o que li um dia. Quando me vejo no espelho estou com um crachá: “Oficial de clichê 4.785.264.98-7: Raissa Moura”. Corro pra porta, grito muito, dou socos e chutes, estou presa!

E, caros leitores, talvez eu esteja presa na casa do velho. Mas para tentar burlar “o sistema clichê de ser”, pretendo tentar me encontrar neste universo gigantesco de vozes ao qual todos nós estamos inseridos. Então, lhes convido para essa busca!

É impossível termos uma essência criativa sem “contaminações” na atualidade. Pois, pensem comigo: temos acesso a quase tudo que foi e é escrito no mundo  a partir de um clique! Com isso somos atravessados por uma imensidão de essências criativas, já infectadas por outras. Hoje, ser incontaminado na criação textual é quase tão impossível como não ser miscigenado no Brasil. Todos somos uma fusão de raças, assim como uma fusão de criação dissertativa e artística. E, quando penso assim, logo me vem a pergunta (cercada por luzes brilhantes) na cabeça: como não ser uma “oficial de clichê” no contexto no qual estou inserida?
Talvez a resposta seja a originalidade. Mas a minha originalidade já não é um mix de várias outras? Sim, ela é! Só que é um mix feito por mim. Relativo aos meus gostos, e é isso que o faz original. Os meus gostos, são meus e ponto(.)

É a partir do devaneio do parágrafo anterior que suspiro e digo: “Ufa, é possível não utilizar esse crachá! Basta tentar”. Então descubro que o desespero é em vão. Pois com maturidade, vamos nos descobrindo criativamente. Vamos enxergando a facilidade de sermos nós mesmos, mesmo sendo um pouco dos outros. Isso, porque só utilizamos dos outros aquilo que pode ser nosso, que se encaixa no nosso gosto.

É tipo assim: por mais que eu goste de cabelos encaracolados eu nunca os terei, pois não são originais a mim, ficam falsos, já que meu cabelo é liso. Assim, os cachos serão sempre algo que eu admirarei, mas não terei. Assim são os jargões utilizados em um texto ou na fala. Os que eu utilizo são originais a mim, pois eu os adquiri com o tempo. É visível quando, em discursos, políticos utilizam palavras pomposas que não fazem parte de seu vocabulário. A originalidade é gradativa, com o tempo vamos formando a nossa. Então não tem o que temer, a menos que a sua ou minha originalidade seja ser um clichê. Acontece, afinal: quase tudo é possível!

Resumindo: a nossa originalidade nasce, até mesmo, dos clichês alheios!

2 comentários:

  1. Quem escreveu? Vcs escrevem textos a duas mãos?

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  2. Esse quem escreveu fui eu, Raissa. Na época o Daniel escrevia uns e eu outros. Engraçado ler isso depois de quase dois anos... Hihihi

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